“(...) a vida não é um filme de
censura livre para fazer com que a pessoa se sinta bem. Muitas vezes a vida
real acaba mal, como aconteceu com nosso casamento Pat. E a literatura tenta
documentar essa realidade, mostrando-nos que ainda é possível suportá-la com
nobreza.”
Pat Peoples, um ex-professor na casa
dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que
passou apenas alguns meses naquele 'lugar ruim', Pat não se lembra do que o fez
ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um 'tempo
separados'. Tentando recompor o quebra-cabeça de sua memória, agora repleta de
lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito
promissora. Com o pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a
aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua
internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a
reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais
felizes e no lado bom da vida.
Eu achei que este livro seria um
daqueles livros que parece que o personagem principal está chapado o tempo
todo, e eu estava certa. Mas este “estar chapado” neste livro, não foi um ponto
negativo.
O modo como Pat vê o mundo me encanta,
a sua tentativa a todo custo de ser uma pessoa melhor me encanta, e isso fez
com que eu me apaixonasse por ele. Tudo no livro gira em torno dessa luta de
Pat para mudar quem ele é, e Matthew Quick descreve essa luta de um jeito tão
gentil e tão doce, que é difícil de não agradar a todos.
Por ter perdido a memória, essa luta,
em um determinado momento da estória, passa a ser uma jornada de redescoberta
de si mesmo para Pat. E foi maravilhoso poder conhecer alguém que se recusa a
desistir do lado bom da vida, e me identificar com esse alguém que nem sequer
existe.
O final, apesar de deixar aquele
gostinho de quero mais, muito utilizado por alguns autores, me foi mais que
satisfatório. Particularmente acredito que certos livros precisam desse tipo de
final para terminarem devidamente. Se houvesse mais, se Quick descrevesse o que
aconteceria nos próximos capítulos, acredito que o livro não teria essa mesma
magia.
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