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8.25.2015

#Resenha: "A Filha do Louco" de Megan Shepherd

“—E como uma garota pode saber dessas coisas?
Eu me endireitei.
—Estar certo ou errado não tem nada a ver com o fato de eu ser mulher — disse-lhe, fazendo uma pequena pausa. — Além disso, a minha resposta está correta.”

Juliet Moreau construiu sua vida em Londres trabalhando como arrumadeira - e tentando se esquecer do escândalo que arruinou sua reputação e a de sua mãe, afinal ninguém conseguira provar que seu pai, o Dr. Moreau, fora realmente o autor daquelas sinistras experiências envolvendo seres humanos e animais. De qualquer forma, seu pai e sua mãe estavam mortos agora, portanto, os boatos e as intrigas da sociedade londrina não poderiam mais afetá- la... Mas, então, ela descobre que o Dr. Moreau continua vivo, exilado em uma remota ilha tropical e, provavelmente, fazendo suas trágicas experiências. Acompanhada por Montgomery, o belo e jovem assistente do cirurgião, e Edward, um enigmático náufrago, Juliet viaja até a ilha para descobrir até onde são verdadeiras as acusações que apontam para sua família.
O nome desse livro tem muito a ver com ele. Honestamente, este livro, é muito, muito, muito louco. Eu nem sei o que dizer sobre isso. É um nível de louco, que eu não sei descrever. Mas se você pensa que é um louco positivo, não é. Muito pelo contrário.

A estória é tão surreal, que se tornou ridícula. Certas coisas que acontecem no livro são tão impossíveis, que se fossem possíveis, elas só aconteceriam com o uso de magia, o que não é o caso.

Na verdade, essas coisas são feitas através da ciência, só que a ciência da época não seria capaz dessas coisas. Na verdade, eu acho que nunca teremos uma ciência e uma tecnologia tão avançada para tais coisas. E a explicação que a autora usou é ilógica, e mesmo que o livro seja louco ele pode, precisa e deve ter lógica.

Algo que eu notei que faltou a autora colocar, em algum lugar do livro, foi em a época em que a estória se passa exatamente. Eu creio que seja por volta de 1900, mas eu como eu sou uma péssima historiadora, eu ainda tenho minhas duvidas. E creio que o fato da autora ter colocado elementos de épocas diferentes não tenha me ajudado em nada. Ou talvez ela precise se expressar melhor. Mas de qualquer maneira, ter a época em que a estória se passa é de extrema importância para a imaginação do leitor, a falta desse detalhe influência muito, e achei um erro grave da autora (não tão grave quando as tais coisas impossíveis).

O modo como a autora narra o livro é um tanto quanto desleixada. A linguagem varia entre culta e coloquial, como se estivesse em um meio termo, que ora possuía traços mais fortes da linguagem culta e ora traços mais fortes da linguagem coloquial. Eu sentia como se a autora estivesse tentando ao máximo torna-la totalmente culta, mas nos dias de hoje, com todas essas gírias e abreviações que usamos no dia-dia, e muito difícil escrever um livro 100% formal. Acho que somente escritores mais experientes e que estudaram a fundo essa linguagem e que se concentram muito, podem escrever um livro assim. Ou talvez o erro seja da tradução... Não sei.

Juliet, a personagem principal, é um caso perdido. Ela simplesmente não sabe o que é prioridade. Houve vários momentos do livro em que ela se distraia ou então simplesmente não fazia o deveria ser feito. E se ela não fizesse essas duas coisas, ela com certeza teria se poupado de muita dor de cabeça. Ela é o tipo de personagem irritante que parece que quer fazer tudo errado pra chamar a atenção, o que me deixa muito irritada, odeio esse tipo de personagem. E com certeza o motivo dessa burrice não vem da idade dela, pois eu tenho a mesma idade e não sou assim.

O pai de Juliet e outra coisa surreal no livro, ele é tão louco que no final do  ele se tornou algo inimaginável. A loucura dele é tão grande (e ridícula) que me deixou sem palavra pra descrevê-lo, além de surreal e ridículo. Quando lemos um livro entramos na pela do personagem, aprendemos a ver com os olhos dele, e vivemos aquilo que ele vive. Eu digo tudo isso porque quando eu li esse livro o pai de Juliet parecia que estava lá, mas ao mesmo tempo não estava. Como se fosse um fantasma, ou uma memória. E essa sensação que eu senti com essa personagem é nova e muito estranha.

O final do livro foi algo desgastante. Houve uma correria para lá e para cá, parecia até que a autora não sabia como terminar o livro. Ou então estava tentando colocar o máximo de acontecimentos possíveis para torna-lo empolgante, e acabou falhando miseravelmente. E quando o final do final chegou foi a melhor parte e também uma das piores partes do livro. Foi bom porquê foi emocionante, e foi ruim porquê acaba ali. Não existe mais do que aquilo. Há apenas uma promessa que, creio eu, foi cumprida, mas eu gostaria de saber como ficaram as coisas depois.

Por fim, o livro é ruim, mas eu gostei.

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