“Vá e
pegue um estrela cadente,
Pegue
com uma criança uma raiz de mandrágora,
Diga-me
para onde foram todos os anos passados,
Ou
quem fendeu o pé do Diabo.
Ensina-me
a ouvir as sereias cantando,
Ou a
manter a distância o ferrão da inveja,
E
descubra
Que
vento
Serve
para impelir uma mente honesta
Se
foste nascida para estranhas visões,
Coisas
invisíveis aos olhos,
Ande
dez mil dias e noites
Até o
dia em que teus cabelos se tornem brancos,
Tu,
quando retornares, irás me dizer
Todos
os estranhos prodígios que aconteceram a ti,
E
jurar que
Em
lugar nenhum
Vive
uma mulher sincera, e justa.”
Sophie
é a mais velha de três irmãs e, como todos sabem na terra de Ingary, isso é
sinal de que seu destino será o pior, caso as três irmãs saiam para buscar sua
sorte. E, aparentemente, é isso mesmo que acontece: enquanto a mais nova vai
trabalhar em um agitado restaurante da cidade e a do meio vira aprendiz de uma
poderosa feiticeira, Sophie acaba enfurnada na chapelaria da família. O que ela
não esperava era ser surpreendida pela perversa Bruxa das Terras Desoladas, que
a transforma em uma velha de 90 anos.
Fugindo
e vagando sem rumo, a "jovem senhora" acaba na porta dos fundos do
castelo do terrível Mago Howl, conhecido por devorar o coração das moças do
povoado. No castelo, onde passa a trabalhar, essa misteriosa senhora promove
uma grande transformação, mudando os hábitos de Howl, Michael, o aprendiz do
mago, e de Calcifer, o demônio do fogo responsável pela "vida mágica"
do castelo animado.
Além
de ficar presa ao corpo de uma senhora, o feitiço impede que Sophie revele que
está sob uma maldição. Calcifer, que logo percebe o que está acontecendo,
propõe que ela o ajude a se libertar do pacto que o prende ao Mago Howl,
oferecendo, em troca, ajuda para quebrar a maldição da bruxa. Será que Sophie
poderá ajudar a todos e a si mesma?
Confesso
que fiquei um tempo pensando em como escreveria esta resenha, porque eu queria
expressar em detalhes o quanto este livro é mágico. Pude notar, com a ajuda
dele, de que a muito fazia-me falta uma boa literatura. Se houvesse alguma
maneira de entrar nesta história, entrar no mundo de Ingary e conhecer Sophie e
Howl, e todos os personagens desta história, com certeza eu o faria.
Sophie,
a princípio, é uma menina muito ingênua e inocente, mas por causa de sua
aventura, a personalidade dela começa a ficar mais forte, e consequetemente faz
de Sophie uma mulher mais determinada. Infelizmente a autora não revela qual a
idade de Sophie (o que eu considero muito importante para conseguir imaginar o
rosto dos personagens), mas segundo o pouco que ela revela no livro, Sophie
deve ter 17 anos (se não 18). Como Howl muito bem observou, Sophie é “um caos
em forma de mulher”, não que isso seja sua culpa, pelo contrário, ela sempre
tenta ajudar, mas as vezes acaba fazendo tudo errado por acidente, resultando
em muita confusão e boas risadas para o leitor. A maior parte do livro eu me
esquecia de que Sophie estava sobre um feitiço e imaginava ela como uma jovem
mesmo, e na verdade, mesmo com uma aparência velha, Sophie continuava jovem
(apesar de sentir alguma dores aqui e ali).
Já
Howl, é o tipo de homem galanteador e “heartbreaker”, e tem uma horrível mania
de fugir das responsabilidades, e por isso quando a chance de que ele se
torne o Mago Real bate na porta dele, Howl começa quase a entrar em desespero.
Este também é muito exagerado e dramático, de um jeito que chega a ser
extremamente cômico. No início, eu me irritei bastante com ele, mas ele é o
tipo de pessoa na qual você briga e logo em seguida está conversando como se
nada tivesse acontecido. Realmente é impossível odiar Howl, mesmo com todos os
seus defeitos.
Michael,
é um jovem de 15 anos muito gentil e atencioso, apesar de que no inicio ele era
bem mal humorado e um pouco grosseiro. Apesar da idade que tem, Michael é muito
maduro. Em certos momentos do livro, eu até mesmo me esquecia que ele tinha
somente 15 anos, as vezes parecia que ele tinha a mesma idade de Sophie.
A
primeira fez que Calcifer apareceu na história achei que ele faria jus ao
título de demônio do fogo, e que, com o decorrer da história, ele revelaria-se
um ser traiçoeiro. Mas estava enganada. Mesmo falando mal de seu mestre e até
mesmo Sophie e Michael, é muito óbvio que ele gosta deles. Ele só tenta fingir
que não se importava com eles, quando na verdade é super protetor com todos.
Com o
decorrer da história percebi que na verdade estes quatro personagens,
totalmente diferentes um do outro, eram como uma família, e eles conviviam e
aceitavam uns aos outro, mesmo com todos os seus defeitos e são extremamente
unidos.
Infelizmente
muitas perguntas ficaram sem resposta neste livro, e felizmente há uma
continuação. Por isso espero que nos próximos volumes, O Castelo no Ar e A Casa
dos Muitos Caminhos, estas perguntas sejam respondidas.
Obs.: À quem interessar possa, O Castelo Animado ganhou uma adaptação cinematográfica
em 2006. Uma animação dos estúdios Ghibli, com a direção de Hayao Miyazaki (A
Viagem de Chihiro e Meu Vizinho Totoro). Geralmente não aconselho ver o filme
antes de ler o livro, mas me ajudou muito a imaginar o mundo de Ingary. E mesmo
que o filme tenha mudado bastante vale a pena assistir, é realmente muito bom e
a arte de Hayao é magnífica.
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